8 pontos de alerta que envolvem o Carnaval e a saúde do coração
Para aproveitar a folia sem riscos e consequências para a saúde do coração, seja nos trios e blocos de rua, nos desfiles de escolas de samba, camarotes bailes e festas, é importante ter cautela e certos cuidados.
1. Excesso de álcool
O fato é que, especialmente quando em grande quantidade, o álcool é uma toxina para o organismo. Sua ingestão excessiva e em um curto espaço de tempo pode desencadear o que chamamos de “síndrome do coração festeiro”, quadro caracterizado por uma disfunção no sistema elétrico do coração. Trata-se de um distúrbio no ritmo cardíaco, isto é, uma arritmia —os batimentos ficam irregulares ou descompassados.
Há também uma aceleração do metabolismo e aumento da pressão arterial, fazendo a pessoa suar mais e perder sais minerais. Cenário que gera uma sobrecarga no funcionamento do órgão. Entre os sintomas, de início, a tendência é o aparecimento súbito de palpitações, seguidas de dor, pressão ou desconforto no peito, fadiga, vertigem, desmaio e falta de ar. Beber demais ainda pode interferir nos níveis de diabetes e triglicérides que, combinado com colesterol, estimula o depósito de gordura na parede das artérias.
Quando falamos em álcool, não podemos deixar de lado a famosa “ressaca”, quadro que, de modo geral, causa mal-estar, dor de cabeça, enjoo, vômito e a sensação de boca seca. Surge entre 6 e 8 horas após uma bebedeira e chega a durar até 24 horas.
Logo após ser ingerido, o álcool é absorvido pelo estômago, chegando a outros órgãos por meio da corrente sanguínea.
No corpo, se transforma em um elemento tóxico. Quando identificado, enzimas produzidas no fígado passam a agir para destruí-lo. Porém, isso é possível até certa quantidade. O excesso, que não é metabolizado pelo órgão, fica acumulado, provocando os sintomas descritos.
A dor de cabeça surge por uma combinação de fatores, como a perda de água e a vasodilatação (o álcool dilata os vasos sanguíneos). Após as doses a mais, o coração passa a bombear sangue em maior velocidade, mas os vasos não acompanham se expandindo o suficiente. Já o enjoo e o vômito são reações para livrar o organismo do alto volume e das toxinas presentes.
O álcool também é capaz de interferir na qualidade do sono e algumas bebidas afetam ainda a flora intestinal. Por isso, muitos acabam com dor de barriga, gases e diarreia no dia seguinte. Além disso, por ser diurético, nos faz urinar com mais frequência, o que pode drenar rapidamente o corpo de líquidos, bem como minerais e vitaminas importantes, levando à desidratação. O resultado vem em sede acentuada, pressão sanguínea mais baixa e tonturas.
Conforme o organismo perde líquido, sem a ingestão adequada de água, a quantidade de sangue circulando diminui. Os vasos sanguíneos vão se fechando (com a constrição de suas paredes) para manter a pressão dentro do ideal. O sangue fica mais grosso e a frequência cardíaca aumenta. O cenário pode gerar palpitações e batimentos cardíacos irregulares.
Uma desidratação severa é capaz de provocar uma grande diminuição do volume de sangue, o que resulta na redução excessiva da pressão. Quando o corpo não consegue entregar o fluxo de sangue e oxigênio adequados aos órgãos e tecidos, o organismo pode entrar em choque hipovolêmico, uma das complicações mais graves, às vezes com risco de vida, da desidratação.
O suor intenso pode, entretanto, desequilibrar os níveis de eletrólitos (minerais essenciais para o funcionamento do coração) e, desta forma, adicionar uma nova carga de estresse em um coração que já está trabalhando arduamente. Uma produção maior de suor pode levar, em situação extrema, à desidratação. Portanto, não se esqueça de beber muita água enquanto curte os dias de folia!
4. Uso de drogas
Os danos, principalmente quando o uso é frequente e abusivo, estão relacionados ao mau funcionamento ou deterioração do coração e/ou dos vasos sanguíneos, com impactos consideráveis na saúde.
De modo mais pontual, alguns desses compostos provocam, por exemplo, por exemplo, a elevação da pressão arterial, aumento acentuado da frequência ou distúrbios no ritmo cardíaco e a contração excessiva dos vasos do coração, exigindo trabalho extra do órgão no bombeamento do sangue.
Com o tempo e a continuidade do consumo, os entorpecentes acarretam no enfraquecimento da musculatura cardíaca, a cardiomegalia (aumento do coração), arritmias crônicas, obstruções nas artérias que irrigam o órgão, insuficiência cardíaca, infarto, AVC e até a morte.
Como é possível imaginar, outra grande preocupação é a combinação dessas substâncias, ampliando os riscos de efeitos adversos e até fatais. Se uma droga traz riscos, o consumo simultâneo de múltiplas substâncias pode causar uma sobrecarga ainda mais significativa ao coração e até levar a overdose.
O álcool e os energéticos por si só já aceleram os batimentos e fazem subir a pressão. Juntos seus efeitos são potencializados e a mistura pode se tornar uma bomba no sistema cardiovascular. Um agravante: de modo geral, a combinação permite que o indivíduo tolere uma quantidade de bebida muito maior.
Outra interação que precisa de cuidado é com os medicamentos. E não apenas aqueles de uso contínuo, como para hipertensão, diabetes ou depressão. Um simples analgésico para dor de cabeça, por exemplo, quando misturado com bebida alcoólica (ou outra droga) em excesso, pode colocar a saúde em risco.
As reações vão desde a potencialização ou redução do efeito do remédio, alterações gastrointestinais até dores de cabeça intensas, palpitações, hipotensão, tontura, taquicardia, convulsões, intoxicação aguda, coma e a morte.
Se você não tem o hábito de praticar exercícios e, mais do que isso, se sua rotina inclui pouco movimento físico e um reduzido gasto de energia, é preciso ter atenção também com as maratonas que os dias de folia exigem em alguns casos. Há festas de Carnaval em que a programação é intensa e pode trazer danos se não houver preparo e cautela.
O coração bombeia sangue em um fluxo e intensidade seguindo a demanda necessária ao esforço realizado. Ou seja, quando uma pessoa leva uma rotina tranquila, o órgão trabalhará de acordo com esse ritmo. Como se fosse treinado para isso.
Ao chegar o Carnaval, se ele passa a ser intensamente requisitado, pode não resistir ou dar conta da sobrecarga. Podemos dizer que o coração não está devidamente condicionado para tais atividades.
Nesses casos, especialmente se ainda houver a combinação dos fatores expostos acima, existe uma chance maior do surgimento de arritmias ou a ocorrência de um infarto. Os riscos crescem se já há um diagnóstico de doenças ou condições cardíacas ou uma tendência a elas.
E não é só coração que poderá sofrer as consequências. Sem o condicionamento necessário, se exigirmos demais do corpo, é possível que todo o organismo de alguma maneira seja afetado, a exemplo da musculatura e articulações, que podem apresentar dores e lesões.
O sono tem como finalidade proporcionar recuperação ao corpo —e consequentemente ao coração. Durante o período em que estamos dormindo o organismo entra em estado de compensação de energia. Há diminuição do ritmo cardíaco e redução da pressão arterial.
Um sono de qualidade ajuda ainda a aumentar os níveis de energia e a função imunológica, além de apoiar processos cognitivos e a regulação de atividades metabólicas. Por outro lado, estar em um estado prolongado de débito ou privação de sono pode gerar fadiga, mau humor, estresse, irritação, elevação da pressão, entre outras complicações.
8. Sexo sem camisinha
Nesta época, as campanhas de conscientização e ações preventivas para as doenças ou ISTs (infeções sexualmente transmissíveis) se intensificam. A ideia é aproveitar o Carnaval para reforçar a importância do uso da camisinha: praticar qualquer atividade sexual sem preservativo aumenta o risco de contrair ISTs, além da gravidez indesejada.
Vamos tomar a sífilis como exemplo. No início, ela provoca uma infecção e lesão genital. Com o passar dos dias, surgem outros sintomas, como febre, dores articulares e de cabeça, cansaço e manchas pelo corpo. Se o quadro não for devidamente diagnosticado e tratado pode se agravar e as lesões atingirem cartilagem, ossos, cérebro, coração e a artéria aorta.